No mundo existem varias culturas de resistência, os
anarquistas, os indígenas, os sem terras, os monges, e dentre todos estes eu
considero também as irmãs do convento. Muitas vezes se negando a consumir o que
“mundo” oferece a elas. Nós (me incluo nessa) podemos não concordar com suas
crenças e ideias, mas que é uma cultura de resistência, isso é.
Em homenagem (ou não) Irmã Talitha vem pregando o
Hardcore desde 2005. De São Paulo capital, Wagner (guitarra e vocal), Chubaka
(baixo) e Du (bateria) lançam em 2013 seu mais novo registro. Intitulado “E o
sentido de vida” o disco apresenta, além do Hardcore, uma veia bem Thrash
Metal, tornando o registro ainda mais porrada.
Começando o disco de um jeito debulhador “Trilha do
Fracasso” vem com velocidade abundante, com direito até a cavalgada no refrão.
Vocal rapidíssimo, com letra que nos leva a reflexão:
“Será que tem
coragem para fazer a diferença
Será que tem
coragem para se desafiar
Será que tem
a força pra se livrar das correntes
Será que tem
coragem pra não ser mais uma alma na...
Trilha do
fracasso, trilha do fracasso.
Será que vai
deixar de seguir pra ser exemplo
Será que vai
se deixar abalar
Será que
suporta a pressão pra que desista
Às vezes a
cura incomoda mais que a dor na...
Trilha do
fracasso, trilha do fracasso.”
A próxima é “Homem na Roda”, não tão rápida, mas
também não lenta. Vocal um pouco mais lento, mas agressivo, assim como sua
antecessora, letra curta, que também serve de reflexão. Na sequência “Vai
faltar chão” pega a veia Thrash e trás de volta a velocidade a nossos ouvidos.
Faixa excepcional, uma das mais violenta do disco.
“Indignação” vem com um pouco menos de velocidade,
mas em compensação a letra é muito bem trabalhada, merece figurar por aqui
(alias, todas mereciam, mas tem que escolher algumas):
“Salário
muito alto pra trocar nome de rua
Muita
assessoria pra alguém que não faz nada
Sobra
combustível pra uma máquina emperrada
Enquanto
alunos tem lavagem ao preço do caviar
Governantes legislando
em causa própria
Formando seu
exército de mulas sem cabeça
Privados de
cultura para nunca perceber
Massa
manipulada escrava da diversão
Multas e
impostos, extorquem o cidadão
Mais dinheiro
sujo do que se pode lavar
Enquanto
professor é transformado em subemprego
Dão
condecoração a jogador de futebol
Precisam dos
problemas e da imprensa sanguinária
O medo gera o
voto a cada eleição
Uma vez
eleito lutaria por você
Mas vive
costurando acordos pra não sair do poder”
A próxima faixa “Nada vai me escravizar” é como um
grito pela liberdade, que apesar de nossa vida sofrida, não sucumbiremos. Faixa
feroz na letra e no som, refrão realmente potente, duvido o ritmo de “Nada
vai.... me escravizar” não ecoar no cérebro durante a musica.
“Molecada” tem até trompete, mistura no mínimo
inusitada, mas a questão é que dá um outro toque a musica. Quem sabe não abre a
cabeça dessa “molecada” para refletir seu comportamento em relação ao mundo
real. Quem sabe essa “molecada”, não se empenha em fazer algo pela cena (ou por
outras coisas), falta zine de gente nova, falta banda de gente nova, falta blog
de gente nova, falta gente nova colar nos eventos undergrounds/alternativos. E
fica o nosso apelo. E não digam que eu não avisei, porque, logo vem “Quem
mandou?”, rápida, acida e com um toque de humor em sua letra e som. Faixa no
mínimo divertida de se escutar, e que com certeza vai fazer a felicidade dos
“pogueiros” dos shows por ai.
E finalizando o disqueto, “Carrasco” com uma pegada
mais thrash, lembrando até um pouco Dorsal Atlântica, mas não se preocupe, a
musica não soa como um cover, tendo vários elementos bem próprios da banda.
Chegando ao final, temos a conclusão que a Irmã
Talitha tem muito que pregar pelos porões de submundo contra-cultural do
Punk/Hardcore/Metal. Indico a todos, escutem, apoiem, comprem CDs, adesivos,
camisas, vão a shows.
Banda: Irmã
Talitha
Disco: E o sentido da vida
Ano: 2013
Faixas
1. Trilha
do fracasso
2. Homem
na roda
3.
Vai
faltar chão
4. Indignação
5. Nada
vai me escravizar
6. Molecada
7. Quem
mandou?
8. Carrasco
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