sexta-feira, 6 de junho de 2014

Resenha: Fast Falling – Caindo Rápido, Levantando Devagar.

Lembro-me que quando fui iniciado ao rock em geral, eu torcia o nariz quando tocavam bandas de Hardcore Melódico, não gostava do estilo, achava muito adolescente (e olha que eu era um). O tempo passou, e agora que eu sou um adulto eu lhes apresento Fast Falling de Indaiatuba/Br.

Fabio Dini (vocal/baixo), Leo Dias (guitarra/vocal) e Vinicius Esteves (bateria/vocal) lançaram este ano (2014) o EP “Caindo Rápido, Levantando Devagar”, influenciados pelo Hardcore Melódico, Skate Punk, Punk Rock anos 90 e tudo o mais que gira envolta genero.

Logo de cara, acendendo o isqueiro, “Nunca vai Mudar” vem na pegada rápida e melódica, com varias paradinhas de instrumentos na introdução e no interlúdio dos versos. Vocal legal, melodioso e sem parecer chorado (como algumas bandas fazem). Apesar de no refrão o já conhecido Woooo soar, a musica não ficou clichê.

“Já não importa mais” começa rápida também, e o legal da musica é o coro ao fundo (os WoOoOo AaAaA), muito interessante a velocidade com melódica dos interlúdios entre estrofes. E o destaque, também, vai para a letra:

“Sempre, essa sujeira vai durar pra sempre
Não falo da merda no asfalto cru
Se fosse seria muito melhor

Fácil, tudo seria mais fácil
Se a ganância não fosse maior
Na lápide é um homem de paz... PAZ?!

Eu também vou descansar um pouco
Desse jogo que não faz sentido
Não vou tentar ser o cara certo, mas...
Já não importa mais

Vendi, mais uma de minhas ações
Agora já tenho muitos milhões
Que não me compram mais nada

Eu também vou descansar um pouco
Desse jogo que não faz sentido
Não vou tentar ser o cara certo, mas...
Já não importa...

Eu também vou descansar um pouco
Desse jogo que não faz sentido
Não vou tentar ser o cara certo, mas...
Já não importa mais“

A terceira faixa é “O amanhã não pode ser uma promessa”. Introduzida apenas pela guitarra, logo é seguida pelos outros instrumentos. O vocal é um pouco mais cadenciado nesta faixa, e tem até uma pausa para um reggae no meio, muito interessante esse contraste. E assim como usa antecessora, destaco a letra desta também:

“O amanhã não pode ser uma promessa,
É bom ser rápido, que eu tenho pressa
Pra enfrentar o dia de hoje
Mesmo que isso me deixe podre
O que importa pra mim é lucrar
Ficar rico e me ajustar
A essa sociedade doente
Onde o que importa é mostrar os dentes...

Mas quem é real reconhece o real
E não consegue se acalmar
Com essa farsa que não nunca muda!
E é por isso que eu dou as costas
Quero mudanças e não só respostas
Mas ninguém nunca quer mudar!

Eu vou deixar pra trás o que não presta
Só vou focar no que interessa
E eu vou marcar o dia de hoje
Como “O dia que eu apertei o ‘Foda-se’”!
Pois o que importa mesmo é respirar
Ser sempre livre e sempre sonhar
Virar as costas pra muita gente
Ter sangue frio e encarar frente a frente!

Mas quem é real reconhece o real
E não consegue se acalmar
Com essa farsa que não nunca muda!
E é por isso que eu dou as costas
Não quero vingança, mas quero respostas!
Mas ninguém sabe raciocinar...”

Na sequência vem “Pra sempre esquecidos”, e essa vem com uma pegada mais Old School na introdução, letra mais curta que as faixas anteriores. O refrão é mais agressivo, não puxando tanto o melódico do gênero. Resumindo, ótima faixa.

Continuando numa pegada mais Old School, “Ciclo Vicioso”. A policia vem e o baixo dá o tom rápido da musica. Chuto que essa é uma das melhores faixas do disco, e a mais veloz também, mas sempre unido com melodias.

“O pavio vai chegando ao fim...o difícil é se controlar” porque o “Tempo passa” e nos trás a sexta e ultima faixa do disco chamada “O Tempo Passa”. Essa com certeza é a musica mais melodiosa do registro, a pegada mais lenta que as outras, também trás mais emoção, podendo facilmente ser cantada junto pelo ouvinte.

Chegado a hora d’O veredicto, facilmente podemos sentenciar que é um ótimo EP, musicas boas, letras boas, e tudo o mais. Recomendado para todos os adoradores das quatro rodinhas de silicone.

Banda: Fast Falling
Disco: Caindo Rápido, Levantando Devagar
Ano: 2014
Tempo: 16:18 min.
Faixas
1.       Nunca vai mudar
2.       Já não importa mais
3.       O amanhã não pode ser uma promessa
4.       Pra sempre esquecidos
5.       Ciclo vicioso
6.       O tempo passa

Streaming e download: http://fastfalling.bandcamp.com/


quinta-feira, 5 de junho de 2014

Resenha: Sem Recesso – Demo

Há vezes que eu paro e penso no meu passado, na época da escola, e logo em seguida eu me vejo hoje. As coisas que penso, as coisas que faço, e me pergunto, o que seria de mim se naquela época se eu já escutasse powerviolence. É com isso que hoje eu trago a vocês a banda Sem Recesso. Apresentando sua primeira demo, numa pegada bem rápida, letras e musicas curtas no melhor powerviolence style.

Abrindo o disco “Tatuagem de Palhaço” vem com tudo, sem tempo pra respirar. Depois “Não vou brindar” continua na mesma pegada violenta. Alias, você nem percebe e já esta escutando a terceira faixa “Sem serventia”, as duas aparecem totalmente emendadas, e está trás uma letra interessante. “Humanos descartados, objetos com defeitos/A sociedade julga sem serventia/Encarcerados numa cela, num asilo, num manicômio”. “Descontrole” também segue rápido na batida e letra crítica “Você só tem o resto da sua vida/Para trabalhar e pagar imposto até morrer/Em minhas veias, ojeriza e repulsa/Em meus olhos, descontrole e sono”. Na sequência, “Skate pirata 1 x 0 policia”, ainda na violência. E logo depois “Fogo no altar” vem mais violenta ainda, sonoramente e liricamente. “Vamos queimar igrejas/Vamos aquecer as pessoas/Que moram nas ruas/E morrem de frio...”. “Foda-se Deus” é como uma continuação da faixa anterior. “Vou vomitar na sua cruz - foda-se deus/Vou cuspir em jesus - foda-se deus”. Logo na sequencia, “Jaulas com motores” trás uma letra interessante também. “A dor se espalha nas ruas/Com o nome de acidente/Quantas vidas serão tiradas/Com suas jaulas com motores?”. Praticamente grudada “Depois do açaí” é a faixa mais extensa do disco, com meros, 1:14 min, e vem com uma pegada mais cadenciada, no começo, mas assim como as outras, ela trás velocidade e pancadaria em seu ritmo. E depois do açaí tem espaço para mais um pouco de “Vio-lencia” e “Declinio me representa”.

Resultado final, quase 6 minutos de puro Powerviolence bem politizado, e felicidade do ouvinte que o escuta.

Banda: Sem Recesso
Disco: Demo
Ano: 2014
Tempo: 05:49 min.
Faixas
1.       Tatuagem de palhaço
2.       Não vou brindar
3.       Sem serventia
4.       Descontrole
5.       Skate pirata 1 x 0 polícia
6.       Fogo no altar
7.       Foda-se dues
8.       Jaulas com motores
9.       Depois do açaí
10.   Vio-lência
11.   Deicídio me representa

Streaming e download: http://semrecesso.bandcamp.com/